Documentos da Igreja

Papa Francisco

Carta aos Carmelitas Descalços no V Centenário do Nascimento de S. Teresa de Jesus, 28 março 2015o  

Santa Teresa sabia que a oração e a missão não podem ser sustentadas sem uma autêntica vida comunitária. Por conseguinte, o fundamento que pôs nos seus mosteiros foi a fraternidade: «Aqui todas devem amar-se, respeitar-se e ajudar-se reciprocamente» (ibid., 4, 7). […]

Com estas nobres raízes, as comunidades teresianas são chamadas a tornar-se casas de comunhão, capazes de testemunhar o amor fraterno e a maternidade da Igreja, apresentando ao Senhor as necessidades do mundo, dilacerado por divisões e guerras.

 

S. João Paulo II, papa 

Carta Apostólica "Novo Millennio Ineunte", n. 43 - Uma espiritualidade de comunhão  
 

"Fazer da Igreja a casa e a escola da comunhão: eis o grande desafio que nos espera no milénio que começa, se quisermos ser fiéis ao desígnio de Deus e corresponder às expectativas mais profundas do mundo.

Que significa isto em concreto? Também aqui o nosso pensamento poderia fixar-se imediatamente na acção, mas seria errado deixar-se levar por tal impulso. Antes de programar iniciativas concretas, é preciso promover uma espiritualidade da comunhão, elevando-a ao nível de princípio educativo em todos os lugares onde se plasma o homem e o cristão, onde se educam os ministros do altar, os consagrados, os agentes pastorais, onde se constroem as famílias e as comunidades. Espiritualidade da comunhão significa em primeiro lugar ter o olhar do coração voltado para o mistério da Trindade, que habita em nós e cuja luz há-de ser percebida também no rosto dos irmãos que estão ao nosso redor. Espiritualidade da comunhão significa também a capacidade de sentir o irmão de fé na unidade profunda do Corpo místico, isto é, como « um que faz parte de mim », para saber partilhar as suas alegrias e os seus sofrimentos, para intuir os seus anseios e dar remédio às suas necessidades, para oferecer-lhe uma verdadeira e profunda amizade. Espiritualidade da comunhão é ainda a capacidade de ver antes de mais nada o que há de positivo no outro, para acolhê-lo e valorizá-lo como dom de Deus: um « dom para mim », como o é para o irmão que directamente o recebeu. Por fim, espiritualidade da comunhão é saber « criar espaço » para o irmão, levando « os fardos uns dos outros » (Gal 6,2) e rejeitando as tentações egoístas que sempre nos insidiam e geram competição, arrivismo, suspeitas, ciúmes. Não haja ilusões! Sem esta caminhada espiritual, de pouco servirão os instrumentos exteriores da comunhão. Revelar-se-iam mais como estruturas sem alma, máscaras de comunhão, do que como vias para a sua expressão e crescimento".

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Papa Francisco

"Uma grande família entre o céu e a terra" – na audiência geral sobre a comunhão dos Santos, 30 de Outubro de 2013

"... existe uma comunhão de vida entre todos aqueles que pertencem a Cristo. Uma comunhão que nasce da fé (...) [e que faz da] Igreja, na sua verdade mais profunda, comunhão com Deus, familiaridade com Deus, comunhão de amor com Cristo e com o Pai no Espírito Santo, que se prolonga numa comunhão Fraterna."

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Cardeal João Braz de Avis, Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades Apostólicas

Discurso em Melbourne, 2014

"Construir relações humanas baseadas no DNA do Deus-amor. Esta é a missão dos religiosos no mundo. (...) Hoje já não são suficientes um código moral, a herança espiritual recebida ou uma ideologia para tornar possíveis o anúncio e o testemunho crível de Cristo. É necessário o testemunho comunitário da espiritualidade de comunhão que João Paulo II profetizou como a força da Igreja no novo milénio."

Discurso no Capítulo da Ordem Agostiniana, 2013

"A diversidade não faz mal se é amor. A diversidade enriquece. (...) Toda espiritualidade individual - enorme riqueza da Igreja - agora deve fazer a passagem que João Paulo II já havia indicado, passar para uma espiritualidade de comunhão.” 

Discurso em Turim, 2012

"A experiência de vida fraterna dos consagrados, no respeito das diversidades e na valorização dos dons de cada um, são um exemplo e um estímulo para todos os outros componentes eclesiais (...) a vida de comunhão representa o primeiro anúncio da vida consagrada e o primeiro dever."

Discurso em Malta, 2012

"(...) o amor que vai e vem na relação humana gera a presença de Jesus vivo e ressuscitado na comunidade" (...) [esta presença de Cristo] entre os discípulos que vivem o amor recíproco, dá às relações humanas a dimensão mais perfeita. Quanto mais essa experiência se alarga, mais a Igreja, com toda a sua beleza humana, resplandece de divino."